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"INFERTILIDADE DO EPIDIDIMO"

I . INTRODUÇÃO

No que diz respeito a reprodução, o macho aporta 50% do material genético, do embrião e posteriormente feto, no momento da fecundação, sendo sua influência sobre a fertilidade tão importante como a influência da fêmea.

As doenças ou problemas que podem repercutir negativamente de forma direta e indireta sobre a fertilidade do macho, podem estar localizados tanto no aparelho reprodutor como fora dele, como por exemplo, as doenças febris, doenças do aparelho locomotor, condições nutricionais e fatores ambientais (instalações, manejo e temperatura ambiente).

Nas doenças que envolvem os epidídimos, o comprometimento será na qualidade do sêmen, resultando em conseqüências negativas em relação à fertilidade. Em muitos casos são perceptíveis apenas tardiamente através da sintomatologia exteriorizada pelas fêmeas, tais como aumento da taxa de retorno ao cio, abortos, etc.

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

II.a.  Anatomia Funcional

O epidídimo é uma estrutura aderida à borda superior do testículo, se estendendo até a porção caudal do testículo. Anatomicamente, tanto os testículos quanto os epidídimos, são revestidos pela túnica albugínea (cápsula fibrosa subserosa)e pela serosa (peritônio visceral). Eles estão fixados pelo mesórquio (ligamento testicular) ao septo escrotal e pelo ligamento inguinal testicular, oriundo da cauda do epidídimo, ao coolo distal da túnica vaginal parietal.

No epidídimo são reconhecidas três partes anatômicas. A cabeça do epidídimo que se liga ao estreito corpo que termina no polo oposto, na dilatada cauda do epidídimo. O contorno da cauda do epidídimo é uma característica visível no animal vivo. O epidídimo apresenta como função, a maturação dos espermatozóides e a motilidade que aumenta à medida que os espermatozóides entram no corpo do epidídimo, sendo que a cauda é responsável por promover um aumento da habilidade fertilizante.

Para HAFEZ (1995), os espermatozóides armazenados no epidídimo retêm a capacidade fertilizante por várias semanas, sendo que a cauda do epidídimo é o principal órgão de armazenamento, contendo cerca de 75% de todos os espermatozóides epididimários, onde há a dependência de baixas temperaturas do escroto e da ação do hormônio sexual masculino para a manutenção dos espermatozóides.

II.b. Exame do Epidídimo

O exame externo do epidídimo, firma-se na inspeção e palpação, para constatação da presença do órgão referido e seu tamanho corresponde a idade e ao desenvolvimento corporal do animal. O exame é realizado pela inspeção e palpação do testículo, fixado manualmente, sendo avaliado o tamanho, a forma e a consistência das distintas partes do epidídimo (cabeça, corpo e cauda). Os itens avaliados são dependentes da idade do animal e deverão apresentar-se simétricos.

II.c. Patologias do epidídimo

Ø      Aplasia

A aplasia se caracteriza pela ausência total ou parcial do epidídimo, podendo apresentar-se uni ou bilateralmente 11, ocorrendo com maior freqüência no corpo e cauda desse órgão15, sendo provavelmente um transtorno do desenvolvimento.

No estudo feito por NASCIMENTO et al (1985), a ocorrência de patologias decorrentes de transtornos do desenvolvimento foi de certa forma irrelevante, comparada as outras patologias catalogadas.

ALLEN (1995), cita que apenas um caso de aplasia em cães foi relatado.

Ø      Hipoplasia

A hipoplasia do epidídimo é uma anomalia de origem congênita e hereditária. Pode ser uni ou bilateral evoluindo para espermatocele e granuloma espermático.

Ø      Paradídimo

Cistos de diversos tipos podem estar associados a cabeça do epidídimo. Remanescentes dos túbulos do mesonéfron, podem formar cistos adjacentes a cabeça do epidídimo (paradídimo externo), ou no interior da cabeça do epidídimo (paradídimo interno). Para NASCIMENTO E SANTOS (1997) o paradídimo é uma estrutura caracterizada por um apêndice localizado, principalmente na cabeça do epidídimo, concordando com o autor acima, quanto a sua origem.

THOMSON (1990), da importância quanto a possibilidade dos cistos tornarem-se suficientemente grandes a ponto de causar estase dos espermas nas estruturas adjacentes. Já MASCIMENTO E SANTOS (1997), denominam de cistos do apêndice do epidídimo, o acúmulo de secreção nessa estrutura, citando que a incidência desses cistos ocorre mais em bezerros que em touros, sugerindo dessa forma, a possibilidade de regressão dessas estruturas.

Ø      Espermatocele / Granuloma Espermático

A dilatação cística do conduto epididimário com acúmulo de espermatozóides é denominada de espermatocele. Conseqüente a essa dilatação e acúmulo, o epitélio atrofia-se e há ruptura da mesma, havendo extravasamento de espermatozóides para o interstício, resultando na formação do granuloma espermático. Essa dilatação é conseqüência de uma oclusão congênita ou adquirida do ducto.

O granuloma espermático é caracterizado com áreas difusas na cabeça do epidídimo, formado por ductos distendidos por espermatozóides, com presença ou não de reação inflamatória.

Ao descrever um caso de granuloma espermático, BASILE (1989), cita que um dos principais fatores predisponentes de espermiostase é a presença de defeitos congênitos, como aplasia segmentar e ductos eferentes cegos ou aberrantes, não desprezando também, os de causas adquiridas, como infecções, traumatismos e adenomiose.

Esta lesão é comum em caprinos, ovinos e bovinos, apresentando-se como causa mais importante de infertilidade no caprino mocho.

 A alteração pode ser detectada fácil e precocemente, através da palpação dos testículos e epidídimos. A presença de epitélio normal e ausência de espermatozóides no corpo e na cauda do epidídimo justifica a consistência flácida dos mesmos à palpação, bem como a azoospermia. Mas no caso descrito, a suspeita clínica de esterilidade do animal, ocorreu somente após 8 meses de permanência junto com as cabras, onde a mesma continuava apresentando cios regulares.

Ø      Epididimite

Como o epidídimo é um túbulo espiralado único, qualquer lesão ao longo de sua extensão tem significado clínico potencial. A epididimite pode ser focal, multifocal ou difusa, ou ainda unilateral ou bilateral.

No estudo realizado por NASCIMENTO et al (1985), a epididimite, mostrou-se estreitamente associada a orquite, sendo que a epididimite é mais comum nos bovinos do que a inflamação testicular, mostrando tendência à unilateralidade. THOMSON (1990), cita também uma maior freqüência sob a forma unilateral crônica, focal, ou multifocal, possibilitando dessa forma a comparação entre as dimensões e forma do órgão anormal do órgão normal.

O diagnóstico pode ser feito através da palpação, tracionando os testículos para o fundo da bolsa escrotal, sendo simultaneamente palpados, proporcionando uma comparação a e detecção da assimetria, forma e consistência, onde o epidídimo afetado apresenta-se endurecido, com um maior ou menor aumento de volume.

Epididimite não infecciosa: as causas não infecciosas da epididimite são traumatismo e influxo da urina ao longo do vaso deferente, bem como qualquer lesão em que o esperma escapa do lúmen epididimário.

Epididimite infecciosa: é provável que a epididimite infecciosa seja resultante de microrganismos que penetram no trato urinário e não de uma disseminação hematógena, o que é de grande importância na transmissão da doença, principalmente para a população canina sem domicílio, que se infecta e transmite a doença durante a época de acasalamento para outros animais mais susceptíveis.

Nos ovinos, a epididimite é característica da brucelose ovina causada por Brucella ovis. Além dessa bactéria, a epididimite pode ocorrer por outras infecções: Actinobacillus seminis, Actinobacillus lignieresi, Corynebacterium pyogenes, Corynebacterium pseudotuberculosis e Pausteurella pseudotuberculosis. Na maioria dos casos, a lesão está confinada à cauda do epidídimo.

Como citado anteriormente, a infecção ovina por Brucella ovis, causa uma enfermidade conhecida como epididimite dos carneiros , onde trabalhos demonstraram que não houve progressos significativos no controle  da brucelose ovina no Rio Grande do Sul.12 Já em São Paulo, os dados obtidos mostraram que a epididimite dos carneiros não é um problema sanitário importante ainda.

Ao contrário dos ovinos, a epididimite nos bovinos é causada pela tuberculose, onde a lesão localiza-se basicamente na cabeça do epidídimo11, sendo que a epididimite é a alteração comum no sistema genital de touros, excluindo a orquite brucélica.

Ø      Cistos epiteliais

Os cistos epiteliais são caracterizados por pequenas formações císticas ao longo do epitélio epididimário, restritas ao epitélio, e que são detectadas microscopicamente. As formações císticas podem ou não estar associadas a um processo inflamatório do epidídimo, onde o significado e a etiologia desses cistos não estão estabelecidos.

Ø      Adenomiose

A adenomiose caracteriza-se pela invasão da camada muscular e do estroma adjacente do epidídimo pelo epitélio do ducto epididimário, criando assim extensões do lúmen, em que o esperma pode ficar encarcerado. Ocorrendo o acúmulo de espermatozóides nestes segmentos, haverá fator predisponente para o desenvolvimento do granuloma espermático.

Há associação entre a adenomiose do epidídimo e o tumor das células de Sertoli , fato citado também por NASCIMENTO E SANTOS (1997), quanto a causa da adenomiose, que é a presença de estrógenos seja de origem endógena (sertolioma) como exógena.

Ø      Infertilidade de Origem Auto-Imune

A infertilidade de origem auto-imune é um fator causador de infertilidade que não poderia deixar de ser descrito. A antigenicidade dos espermatozóides foi reconhecida no início do século, quando descobriram que células espermáticas poderiam provocar a síntese de anticorpos se injetados em outras espécies, essa imunidade ao espermatozóide nos machos, constitui um exemplo de desordem auto-imune.

A presença de anticorpos antiespermatozóides no soro animais, detectados pelo teste de imobilização de espermatozóides, pode ser condicionado a situações de queda da barreira hemato-testicular, quando os espermatozóides entram em contato com seu próprio sistema imunológico, condições estas devido ao traumatismo sofrido pelo animal.

III. CONCLUSÃO

No sistema comum de criação, que no Brasil é predominantemente extensivo, os fatores ambientais, nutricionais e sanitários, sobremodo desfavoráveis, contribuem, de forma significativa, para o desencadeamento e a persistência de alterações testiculares e epididimárias, co-responsáveis, em última instância, pelo baixo potencial multiplicativo dos rebanhos.

Conclui-se que:

Ø      A orquite e a epididimite se equivalem numericamente e tendem a simultaneidade.

Ø      A ampla possibilidade de lesões em testículos e epidídimos deve ser levada em conta na escolha de machos para reprodução.

Ø      As lesões de origem regressiva (degeneração testicular e cistos intra-epiteliais no epidídimo), de natureza inflamatória (orquite e epididimite), se sobressaem em relação as lesões de ordem progressiva (seminoma e leydigocitoma) e transtorno do desenvolvimento (hipoplasia testicular).